“First off, we want to again thank you for your patience.”
Assim começa o texto de um diretor da Sony no blog oficial do Playstation. É um agradecimento pela paciência dos usuários, mais ou menos como quem diz “desculpa aí, foi mal…”.
Isso porque, desde o dia 20 de abril a rede online da Sony – a Playstation Network, ou PSN – está fora do ar. Utilizada pelos videogames Playstation 3 e PSP, a PSN presta uma gama de servidos aos donos dos aparelhos, incluindo a venda de jogos e de conteúdos adicionais, aluguel de filmes e de, principalmente, a jogatina online com amigos.
Nos primeiros dias, o não funcionamento da rede era oficialmente justificado pela mensagem “estamos em manutenção”. Foi somente no dia 26/04 que a Sony declarou que a PSN havia sofrido um ataque de hackers e que as informações pessoais dos usuários (nome, endereço, e-mail, telefone etc.) foram roubadas. Dados de cartão de crédito podem ter sido roubadas também. Embora não tenha evidências de que um hacker teria realmente acessado os números e datas de validade dos cartões de crédito dos usuários, a empresa não descartou essa possibilidade e alertou a seus clientes para que tomassem precauções.
Ou seja, o que era frustração virou revolta. Em redes sociais, blog e sites espalhados pelo mundo, usuários se enfurecem com a Sony. Nos EUA e na Europa já apareceram os primeiros processos contra a Sony pelo furto de informações pessoais. Os processos alegam que a empresa foi negligente e que também demorou muito tempo para notificar os usuários sobre a situação, especialmente problemas relacionados aos cartões de crédito.
O que diz a Sony
A Sony, mesmo que tardiamente, confirmou o ataque “não-autorizado e criminoso” contra a rede PSN e informou, por e-mail e em suas páginas oficiais na internet, que os dados pessoais foram roubados. A empresa alega que está trabalhando contra o relógio para reconstruir parte de sua rede para que, além dos serviços voltarem a funcionar gradativamente, a segurança seja restabelecida.
O primeiro prazo para a normalização do serviço foi divulgado hoje: 4 de maio, conforme noticia o site da revista Info. No entanto, como o retorno da PSN só acontecerá quando os servidores forem migrados (fisicamente, inclusive) e a segurança estiver 100%, o prazo pode (deve) ser prorrogado.
Quem tem um Playstation 3 no Brasil deve se preocupar?
A PSN não está disponível oficialmente no Brasil. Isso significa que os brasileiros precisam se cadastrar na PSN utilizando um endereço americano ou de um país europeu (quase todo mundo que faz isso utiliza endereço falso, eu inclusive!). Além disso, cartões de crédito internacionais não estão sendo aceitos na PSN.
Ou seja, se você tem cadastro na PSN só deve se preocupar caso a senha que você utilizava for a mesma de outros sistemas, como Twitter, Facebook e contas de e-mail.
Eu, pessoalmente, não estou preocupado, mas sim chateado. Afinal, meu PS3 chegou na segunda-feira e, até agora, só serviu mesmo como leitor de blu-ray…
Tela da Playstation Store
Ataque criminoso
Ok, a Sony foi negligente ao permitir que um invasor tivesse acesso às informações pessoais de seus usuários. Ela também errou feio ao demorar para se manifestar sobre a real gravidade do problema.
No entanto, não devemos nos esquecer de que a invasão a sistemas de terceiros configura crime, e nada justifica a invasão hacker a um servidor de uma empresa. Atitudes como esta não devem ser comemoradas, pelo contrário.
Se o ataque foi um protesto, o que conseguiram de fato foi estragar a diversão de milhões de usuários, em pleno feriadão de Páscoa. Puta sacanagem!
O tamanho do prejuízo
Os processos aparecerão, e a Sony certamente terá muitas batalhas judiciais pela frente. Obviamente, muita grana será gasta na parada.
Mas o maior prejuízo, na minha opinião, é o da imagem da Sony perante seus consumidores, prejuízo difícil de quantificar em dólares.
Ficam muitas perguntas: Quando a rede PSN voltar a funcionar, como a empresa vai recuperar a confiança de seus 77 milhões de usuários? Jogos e conteúdos já comprados serão reembolsados? E os desenvolvedores, continuarão a disponibilizar conteúdo para ser vendido na PSN da mesma maneira que fazem na rede da Microsoft?
Aqui, posso falar como profissional da área. Será preciso muito investimento em marketing e comunicação. Não basta reforçar a segurança de sua rede, princípio fundamental a essa altura. Será preciso comunicar de maneira clara e direta que a PSN é um ambiente seguro para você e sua família (afinal, videogame é entretenimento familiar, certo?) e que você poderá utilizá-la tranquilamente, sabendo que suas informações não serão roubadas novamente.
Os chamados “sonystas”, consumidores entusiastas da marca, devem voltar a utilizar a PSN assim que ela estiver de volta. O certo é que a grande maioria dos gamers mudarão de plataforma online e vão preferir curtir os seus jogos na rede online do Xbox 360, a Xbox Live. Como conseqüência direta, o faturamento com a venda de jogos e conteúdos adicionais deve cair consideravelmente nos próximos meses. O número de consoles vendidos em lojas também deve sofre queda considerável.
Dependendo da eficácia da empresa, porém, a recuperação acontecerá gradativamente. Afinal, quando funciona seguramente, as redes online dos consoles são garantia de entretenimento.
Vamos ver como a gigante japonesa se sairá dessa.